Como os smartphones salvaram as nossas vidas na cidade

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Como os smartphones salvaram as nossas vidas na cidade

O que seria de nós sem um smartphone - daqueles mesmo tremendamente espertos - no bolso, ou sem uns phones nos ouvidos? Imagens, músicas e momentos da vida na urbe.

Em "Lufa-lufa Quotidiana", o autor José Machado Pais apresenta a dicotomia entre o paradigma da lentidão — o das sociedades arcaicas — e o paradigma do encontrão — o nosso, de todos os dias. Por alguma razão a palavra encontrão não nos é estranha, muito pelo contrário. É o paradigma do encontrão que nos faz queixar repetidas vezes, usar vernáculo e sonhar com uma vida tranquila, longe de encontrões e confusões, mesmo sabendo que também é essa agitação que nos mantém vivos.

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Mas, a vida na cidade que, já diz a canção, é "como um carrossel", há muito se tornou mais fácil. Há que admitir que já não sabemos andar na rua da mesma maneira sem um smartphone. Se assim não fosse, como lidaríamos com os tempos de espera sem fazer scroll infinito nas redes sociais, como poderíamos fingir que estamos a fazer uma chamada importantíssima quando queremos evitar alguém, como mostraríamos vídeos engraçados aos nossos amigos em noites de copos? Enfim… grande parte do encontrão dos nossos dias também se deve a estarmos absortos a olhar para os nossos pequenos ecrãs, enquanto a vida na cidade acontece à nossa volta.

Ainda assim, os smartphones, acredito, vieram salvar a nossa existência urbana. Salvaram também as nossas moedas, que em vez de serem guardadas para usar em cabines telefónicas em caso de urgência, são esbanjadas em coisas bem mais úteis, por muito inúteis que sejam. Mas também vieram transformar os nossos hábitos de forma saudável, fazendo-nos olhar para o quotidiano aborrecido com outros olhos.

Quantas vezes não dissemos já coisas como "Que giro, passo aqui todos os dias e nunca tinha reparado", quando nos deparamos com uma fachada bonita, uma obra de street art interessante ou uma paisagem escondida. Os smartphones vieram salvar-nos nestas "pequenas" coisas: fazem-nos olhar para cima e para baixo à procura de beleza em aparentes banalidades que possam ser fotografadas e partilhadas com quem também faz o mesmo.

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Confesso que isto me salva os dias - ou, vá, torna-os bem mais interessantes, para não ser demasiado fatalista -, sobretudo porque todas as minhas viagens, todas as minhas esperas, todas as minhas caminhadas casa/trabalho/casa, são acompanhadas por música (via smartphone, claro).

Foi assim que, naturalmente, juntei as duas coisas: fotografar a cidade enquanto oiço música, e vice-versa. Confesso que nunca tive por hábito fotografar a preto e branco, mas, como dizia o Herman "a vida já tem muita cor" e sair da zona de conforto nunca matou ninguém, certo? Com isto, lembrei-me também que, quando era pequenina, tinha uma televisão a preto e branco no quarto, mas durante muito tempo achei que era a cores, porque imaginava todos os desenhos animados preenchidos a cor. Porque não voltar a esses tempos? Há lá coisa mais saudável que trabalhar a nossa própria imaginação e os nossos sentidos? Creio que não.

Confesso também que já não sei andar na rua sem ser de phones nos ouvidos, a imaginar que estou num videoclip gravado em Lisboa (não sou a única a imaginar isto, pois não? Vá lá, admitam). Todos temos as nossas playlists que, juntas, fazem a banda sonora da cidade. Se os DJs salvam vidas à noite, os smartphones fazem-no de dia. Que atire a primeira pedra quem nunca tentou adivinhar o que estará a ouvir a pessoa do lado no autocarro.

Abaixo podes ver mais fotos da Joana Esperança Andrade inspiradas por música e ouvir a playlist completa.

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