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Entrevista

Pintando Caminhos com o Skate: A arte de Lucas Beaufort

Um papo sobre a estética de monstros desenhados em cima de fotos de esporte.

Todas as imagens são cortesias do artista

Monstros e manobras de skate em tons pastéis. Essa é a marca do francês Lucas Beaufort. Conhecido como “o cara que pinta sobre revistas de skate antigas”, Lucas estuda imagens de caras e minas sobre a prancha, improvisa sobre as figuras e lhes acrescenta novas dimensões.

Ele começou a andar de skate em Cannes nos anos 1990, quando informações sobre o esporte, exceto por algumas poucas revistas que chegavam dos Estados Unidos, eram escassas. Um pouco mais tarde, a 411VM mudaria esse cenário ao divulgar o skate em um âmbito global com suas fitas VHS. Beaufort lia todas as revistas e assistia a todas as fitas. Era a base de sua criatividade — a tela na qual começou a trabalhar.

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Sobrescrever a arte de alguém é complicado. E até perigoso. Ainda mais em um meio como o grafite em que se sobrepor a um trabalho já existente pode resultar em agressões físicas. Então você pode imaginar que pintar sobre uma fotografia pode ser difícil. Mas a essência do skate é trazer à tona sua personalidade e força criativa em qualquer cenário. Não à toa, Beaufort se expressa por meio de monstros de histórias em quadrinhos.

Conversamos com Beaufort sobre seu projeto de arte colaborativa, o The LB Project, e o impacto da cultura do skate em diversos aspectos de sua estética e de seus valores.

The Creators Project: O seu trabalho é muito divertido. Quais foram suas maiores inspirações?

Lucas Beaufort: Minha mãe, eu diria. Eu sempre a via pintar quando eu era pequeno. Eram, na maioria das vezes, paisagens com montanhas, o mar, barcos. Ela sempre me incentivou a tocar algum instrumento, pintar ou criar alguma coisa. Mesmo não sendo louco por sua arte, acho que ela me transmitiu essa mente aberta.

O que te faz se sentir próximo do skate e dos skatistas fazendo sua arte?

Tantas coisas! Adoro o trabalho de Jacob Ovgren, o mundo que ele cria é bastante retorcido e muito engraçado. Também adoro Kyle Platts, Sam Taylor e Henry Jones. Todos eles têm uma abordagem única em relação à arte. As direções da arte do Alien Workshop mantiveram meus olhos abertos nos anos 90 e hoje acho que a Polar está fazendo um ótimo trabalho.

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A estética da Alien Workshop é muito reconhecível. O que te atraiu para ela?

Sempre me interessei por OVNIs e aliens. Quando tinha 8 anos de idade, eu tinha certeza de que vi um na casa de meus avós e isso se tornou uma obsessão até meus 12 anos. Quando comecei a andar de skate, descobri a Alien Workshop e me lembrei de minha infância. Comprava skates da Alien só por causa dos gráficos. Depois dos 18 anos, me livrei completamente dessa mania de aliens.

Marcas como Magenta ou Polar ficaram populares porque sua estética está mais relacionada à criatividade no skate. Como você vê a relação entre arte e skate?

A prática de skate na Europa melhora a cada dia. Você citou a Magenta e a Polar, mas a Isle e a Palace estão com tudo também. As pessoas por trás de cada marca são muito fiéisdesde o começo e as pessoas sabem disso. Se você trapacear ou tratar sua clientela como idiota, você vai fracassar logo. A relação entre arte e skate sempre existiu e foi por isso que comecei a fazer isso. Quando entrei em uma loja de skates pela primeira vez, não sabia nada sobre o assunto. O vendedor me perguntou que skate eu queria, então eu comprei um só pelo desenho, não pela marca.

Todos nós começamos tentando recriar coisas, como um estilo de pintura ou o jeito com que alguém faz uma manobra. Como você sentiu que você havia encontrado seu estilo artístico?

Quando comecei a pintar para a The Skateboard Mag, quatro anos atrás, eu não sabia em que direção estava indo. Estava experimentando sem um objetivo específico. Quando começo a pintar em uma fotografia, preciso senti-la primeiro. Às vezes a foto é incrível, mas não sei o que fazer com ela. Gosto de sentir que não há necessidade de acrescentar nada, que o equilíbrio já está perfeito. Pintando meus monstrinhos em uma foto, me imagino fazendo parte desse momento especial com o skatista e o fotógrafo. É estranho, mas, quando pinto em uma foto, sinto como se eu fosse os monstros, então é como pintar a mim mesmo na fotografia.

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Conte-nos um pouco sobre a LB Project, a exposição itinerante que você criou.

A primeira edição foi na Europa (Berlim, Copenhagen, Barcelona, Paris, Amsterdã, Londres) em 2014. Meu objetivo principal era juntar artistas, lojas, imprensa e marcas para apoiar o projeto Skateistan. A edição americana acabou de começar. Decidimos fazê-la diferente, juntando fotógrafos e artistas em uma colaboração única.

O que veremos em Nova York?

É segredo, mas posso dizer nomes: Aaron Smith, Ben Colen, Brian Gaberman, David Broach, Sam Muller, Dave Swift, Jon Coulthard, Marcel Veldman, Jake Darwen eRyan Allan e os artistasJacob Ovgren, Jimbo Phillips, Jamie Browne, Kyle Platts, Ricardo Cavolo, Sam Taylor, Meka, Mike Murdock, Mr Penfold eeu.

Com quem seria o seu trabalho colaborativo dos sonhos?

Essa pergunta é muito difícil. Bem, adoraria trabalhar em parceria com alguma companhia aérea e pintar tudo. A Air Canada seria demais!

Tradução: Flavio Taam