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Be Alarmed: The Black Americana Epic

A artista que retrata a história dos negros pelo cinema experimental

"Be Alarmed: The Black Americana Epic, Movement I – The Visions" é a fala contemporânea da história dos negros.

Presskit Still 8 x 10 #4. Imagens e vídeo cortesia da artista

Há seis anos, a videoartista Tiona McClodden se dedica à produção de um filme que explora suas heranças familiares, na região norte da Filadélfia, nos Estados Unidos. De temática biográfica e estrutura não-linear, a primeira parte do filme, Be Alarmed: The Black Americana Epic, Movement I – The Visions, pode ser vista atualmente em sua exposição solo Dreaming of Kin, aberta recentemente no Museum of Contemporary African Diasporan Arts, em Nova York, nos EUA. A primeira de uma série em quatro partes mostra aquilo que a artista descreve como “uma declaração sobre ideias de corpo e memória gestual”.

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Uma série de pôsteres de filmes, trailers, capturas de tela e objetos esculturais constroem conceitualmente todo o primeiro movimento do filme, que é centrado na história da família de McClodden. Nele, a artista reimagina o modo com que a história dos negros americanos é frequentemente contada como um conjunto de heróis que tentam libertar um grupo de pessoas, e relata as experiências do cotidiano daqueles que viveram a escravidão.

Lobby Card  #4

“Meu fascínio pelo cinema como uma forma de arte, a estrutura do filme, minha biografia espiritual pessoal, a história de minha família e meu interesse e dedicação pela história dos negros são os fatores que inspiraram o filme”, explica a artista. “Tenho um interesse permanente em trazer a história dos negros para a contemporaneidade”, diz McClodden.

Na quinta cena, Haint, um espírito mudo, representa uma ponte entre o passado e o presente, e se locomove pelo mundo com suas botas, de cabelo preso sob um lenço, remetendo ao modo que as mulheres negras deixavam os cabelos no século XIX.

Trailer I Family Tree Still, Dear Father.

McClodden conta que a personagem do filme representa uma ligação com os ancestrais que nunca conheceu. “Minha família conta histórias sobre essas pessoas, mas não tenho nenhuma foto delas. Então criei essas coisas, que são materializações dessas histórias que ouvi de minha família, e que aconteceram em algum lugar.” diz.

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Em Scene II: Bout’ Time, Protection, Haint traz consigo um mapa, e lê antigas tecnologias da cultura negra — espiritualidade, a constelação de Ursa Maior e Ursa Menor, que contém a Estrela Polar — como uma maneira de acessar essas antigas tecnologias que tanto eram subversivas quanto desempenham um fantástico papel na narrativa negra americana. Assim, McClodden diz: “Estou falando da escravidão, do pós-escravidão e da Grande Migração relacionando-os à história da minha família.”

“Estou destrinchando e explorando aspectos muito específicos da narrativa de minha família”, McClodden conta ao The Creators Project. “Quero que as pessoas entendam que isso se trata de uma artista que está tentando criticar um sistema, em termos de cinema, de uma maneira que o modifique. Quero que as pessoas vejam como é ver os membros de sua própria família de perto e elevá-los a ícones. Estou alinhando o cinema com a minha família. No fim, esse filme é um retrato de mim mesma.”

Scene I Offerings, Still

Dreaming of Kinfica em cartaz até dia 10 de abril no MoCADA. Para mais informações, clique aqui.

Tradução: Flavio Taam